Meus livros

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quinta-feira, junho 28, 2007

Fernando Pessoa

Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa)
A Palidez do Dia

A palidez do dia é levemente dourada.
O sol de inverno faz luzir como orvalho as curvas
Dos troncos de ramos Secos.
O frio leve treme.
Desterrado da pátria antiqüíssima da minha
Crença, consolado só por pensar nos deuses,
Aqueço-me trêmulo A outro sol do que este.
O sol que havia sobre o Parténon e a Acrópole
O que alumiava os passos lentos e graves
De Aristóteles falando.
Mas Epicuro melhor

Me fala, com a sua cariciosa voz terrestre
Tendo para os deuses uma atitude também de deus,
Sereno e vendo a vida À distância a que está.

domingo, junho 24, 2007

Fernando Pessoa

A pálida luz da manhã de inverno

A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.

No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.

No meu caminho



Havia uma árvore no meio do caminho.
No meio do caminho havia uma árvore e um caminho.
No meio da árvore havia um caminho...
No meio do caminho, um abrigo.

A árvore continua lá
O que não existe mais é o caminho.
A folhagem pela manhã é bela
E fica perfumada
E perfuma o caminho que já não é mais caminho.

E fica perfumada pela imaculada fotossíntese.
O ar em tese, e a forma em síntese,
“Clorofila” esfera e esfinge.

E pássaros migratórios que nela pousam fartam-se
Da metamorfose de sua seiva
Embriagam-se do perfume que perfuma o caminho.

Há árvore ainda lá,
Porque não existe caminho,
Fechou-se com o tempo;
Fechou-se para o tempo
Já não vive nenhuma estação
Fechou-se solidão.

E até os pássaros procuram caminho.
Vale-nos o conselho:
O sol se nos nomeia guia
Caminho e protetor
E árvore;
Árvore do meio do caminho.

E o dia, de manhã, é presença de espírito
E árvore, e caminho do caminho.

A árvore copada
Às vezes florida
Às vezes escapelada;
Às vezes umbrosa e fresca
_ pura clorofila _
Outras vezes sombria.
Fria e horripilante é caminho.

A árvore continua lá
O que se se desfez é o caminho

E o sol determina o dia
E do que se perdeu do caminho...
Destino.

Ah! Essa árvore sobrevivente
Há essa árvore sobrevivente pelo caminho
De secas
De cercas
Aos cuidados de outrem,
A saber, como está e estará,
A estrada sem caminho
As curvas sem ninho
E pássaros sem pouso pelo caminho.
Como estará, ao entardecer, ilusório caminho?...

Se me recuso abraçar-me ao tronco
Acorrentar-me ao caminho
Crucificado a tal ponto
De tornar-me perfume e espinho.

E flores de primaveras perdem-se no caminho...
Expor-me sobre hastes
A sombras vazias?...

E gozar suas delícias
O fruto sem sabor
Às bordas do caminho?!...
Hoje é árvore à beira do caminho
Árvore e caminho.

Breve será tão somente toco ou espinho.

Será árvore, eterno caminho,
Se hoje sou lenhador
Foice e fogo
Vento ceifeiro
De flores e espinhos?

Estou doente;
Perdi minha auto-estima.
Estou mal-humorado com L
Já tenho, há muito, ultrapassado o mau com U
Próximo do dia D
No fim dessa opressiva distimia.

Hoje odeio risos
É-me, de mau gosto a alegria.
Não vejo sentido em nenhuma harmonia.
Nessa total desarmonia que é vida e viver
Nesse caminho sem ida
Nesse dia sem dia,
Nesse querer ser e ter sem poder...
Desprezo risos.
O meu
Alheio
Sem sol _ que amo tanto _,
Sem vida
Sem caminho.

Á mim, já esperança é, ser eu;
Sozinho.

Eu sem mim, por hoje, já basta;
Ao mundo basta
Toda alegria gasta
Toda serenidade farta
Toda gentileza
Toda farsa
Toda beleza sem forma
Toda luz que entorna do céu esparso
De nuvens negras que ao sol encobre...
E que ao meu olhar dilata
E só raios severos me ferem os olhos
E à alma traspassa.

E nenhum frescor nesse vão sem caminho
Eu tão só, comigo, sozinho...
Árvore, sol, e caminho.


Brincadeira!

Pego sobras,
Fios soltos,
De frases emaranhadas pelo poeta,
E as emaranho ainda mais
Tal qual uma tábua de pelos
Que apanha pássaros de apelos
Que revoam os céus pensar,
Tal canto vão de profeta;
Aí então me enlaço
E me enforco de pés e mãos
E cabeça
Pelo prazer de castigar meus pensamentos,
Que insistem em ser livres,
E eu os obedeça
Pássaros e céus
Antes que eu os esqueça.

Eu os detenho livres
Pois liberdade não existe
A céu aberto todo sol é triste
E toda nuvem esperança e consolo
Por isso os castigo
Judio-os para mantê-los ocupados e sadios
Sem manchas e dolos.

Quanto ao poeta...
É um vento vadio.

sábado, junho 23, 2007

Poemas - Conheça os mais belos poemas de Fernando Pessoa

Poemas de ricardo Reis (heteônimo de Fernando Pessoa)

A Abelha que voando

A abelha que, voando, freme sobre
A colorida flor, e pousa, quase
Sem diferença dela
À vista que não olha,
Não mudou desde Cecrops.
Só quem vive
Uma vida com ser que se conhece
Envelhece, distinto
Da espécie de que vive.
Ela é a mesma que outra que não ela.
Só nós — ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte! —
Mortalmente compramos
Ter mais vida que a vida.


A Cada Qual

A cada qual, como a 'statura, é dada
A justiça: uns faz altos
O fado, outros felizes.
Nada é prêmio: sucede o que acontece.
Nada, Lídia, devemos
Ao fado, senão tê-lo.

Obs: _Todos os dias, aqui, um pouco deste fantástico Poeta. Volte sempre.

quarta-feira, junho 20, 2007

Reflexo

Nepente************************************************************Curare
De repente, veja só!... _ sou estranho a mim mesmo
E percebendo-me, todavia,mais original que nunca...
Um novo amor. ah!... um único amor, o último amor!
Ah! Pois sempre soube que o seria...Mágico, lindo...
Mesmo sem conhecê-lo _ exceto oculto em mim _
Desde sempre já o sentia _ eterno!
Agora, antes mesmo de tê-lo,
Diz-se no fim.
E eu o quero.
Moderno.
Lábios
Beijos
Boca
Seios
Risos
Sonhos
Paraíso
Em tudo há poesia!

Depende dos olhos de quem procura.
Seja na taça inebriante da alegria...
Seja no cálice torpente da loucura.


Lá fora sobe um sol triste
Tímido...

sexta-feira, junho 15, 2007

Janis Joplin - work Me Lord



Psiu!!!

...,


Dia após dia, palavras vêm à porta.
Teus ouvidos fecham-se a pronúncias.
Eu falo a reverso;
Meu coração a si próprio escuta.

Ele grita atordoado.
E aflito,
Sufoca-se no silêncio do próprio grito.

domingo, junho 03, 2007

Isso_ na sala de aula...

Quando te levantas e vais à frente
Risca o quadro negro em suave balanço
Meu olhar te segue
Meu coração dispara
E no teu X descanso

Da fórmula de Báskara me perco
Do teu corpo faço cerco
N’outra matéria me encontro.

Faço tudo por amor
E me perco por encanto;
Faço drama, faço graça, com humor;
Por ciúmes do teu balanço.

sexta-feira, junho 01, 2007

Sob blue moon



Do desespero que eu sinto, por amor, faço arte
Não arte clássica, com requinte, como Cervantes...
Pinto soluços, a agonia, tal qual, o soneto de Dante
Por loucura, por desejo, dor, por amar-te.

Em manhã fria, rósea a face, lábios escarlate
Vi-te; olhar de sol, fertilidade insinuante
Sobre um mar calmo, blue moon baixa e flutuante
Encantar-me os olhos, seduzindo-me a ti me dar-te.

De repente, do alto mar, tua voz me chama
Voz suave, sirena, de lua azul, que por amor reclama
E eu vou; vou sobre as águas, leve, delirante
Sexo em chamas.

Vou feito Cristo, Pedro, feito Dante
Vou Imaculado, aventureiro e incrédulo,
Perverso como antes.
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Simples assim

Simples assim